terça-feira, 12 de junho de 2012

Sincronicidades Espetaculares: Company


é bom me saber atenta para acompanhar os passos do caminho, coisas que levam a outras, quase como se as escolhas fossem simples, basta seguir os pedacinhos de pão ou a estrada de tijolos amarelos. sei que não existem escolhas simples, mas nada é bom ou ruim em si mesmo - que bueno, que malo, quien sabe... então da tv a cabo perdida ao site de filmes na internet, daí a Doctor Who e Torchwood, Captain Jack Harkness, John Barrowman como cantor de musicais, Being Alive de Sondheim, cantada pelo John e depois pelo Raúl Esparza e finalmente Company, o musical. descobri que sou apaixonada por esse musical. na verdade já era e nem sabia, quando escutava o vinil da Barbra on Broadway com Sondheim no século passado e adorava praticamente todas as músicas, só não sabia de onde vinham. como Pretty Women e Not While I'm Around, que são lindas, mas são de Sweeney Todd, coisa sinistra. Ladies Who Lunch é de Company. Marry Me a Little eu vi em Putting it Together mas é de Company. Being Alive também está em Putting it Together mas é de Company. eles fazem isso toda hora, pegam músicas de outros musicais do Sondheim e criam outros musicais em cima - revival.

a história é sobre Robert, um jovem adulto que, de mero observador da vida dos cinco casais amigos, precisa crescer. tão familiar, escrevi um livro sobre isso, Heights of Abraham, a jornada de Ashton em direção à maturidade e ao amor. a versão do John é mais datada - anos 70 - e ele faz um Robert mais menino, mesmo. a versão do Raúl é mais cínica, a montagem é minimalista e muito interessante - comprei o DVD!

enquanto isso acontecia trocava figurinhas sobre musicais com minha sobrinha mais velha, a jornalista indecisa, que está investindo na carreira de atriz de musicais. de como conheço muitos musicais antigos vendo filmes na Sessão Coruja. de como era apaixonada pelo Gene Kelly. os poucos anos de ballet clássico e canto. queria tocar guitarra como Jimmy Page também... queria ser escritora, jornalista, correspondente internacional, ganhar um Pulitzer. mas parecia que esse não era o meu papel familiar. artista era minha irmã, eu era a inteligente. são essas escolhas, as que juramos que fizemos de livre e espontânea vontade, baseadas em raciocínio lógico e avaliando as circunstâncias, essas é que são cruéis quando olhadas em retrospecto.

então, como diria, não, gritaria, Mamma Rose, agora é minha vez. não pensava bem assim quando minha sobrinha me convidou pra fazer um curso de técnica para canto de musical. aqui perto, na CAL, mais ou menos dentro da zona de conforto. minha terapeuta disse que seria bom pra reduzir a ansiedade social, sair de casa, conhecer gente nova e fazer uma coisa de que gosto, cantar. e com uma pessoa conhecida por perto. fiquei tensa. mas fui. e gostei. como sempre sonho acordada e imagino situações que, ainda que abstratas, me trazem alegria real. na pior das hipóteses, já saí, não fiquei ansiosa na aula, não tive pânico, compartilhei como todo mundo. até voltei andando, 40 minutos até em casa. um grande passo terapeuticamente falando. no meio termo, aprendo o tal do belting, melhoro minha mudança de registro vocal. e no máximo, sou descoberta, revelação musical da terceira idade, e vou me preparar pra cantar todas as músicas-surto, como minha sobrinha diz, próprias para mulheres da minha idade, Joanne de Company (Ladies Who Lunch), Mamma Rose de Gipsy, a Desiree Armfeldt de A Little Night Music (Send In The Clowns, minha favorita desde sempre), quem sabe uma Norma Desmond de Sunset Boulevard... quanticamente tudo é possível. essa seria uma escolha que eu adoraria fazer.

um pouco dos meus dois queridos, para noooossaaa alegriiiia!

http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=eBBPKedba5o

detalhe: o Raúl NÃO toca piano. estudou só pra esse espetáculo. e o próprio Sondheim escreveu uma melodia só pra ele, achou que estava muito fácil... ai que chique!


http://www.youtube.com/watch?v=kw1aevM7V5c&feature=endscreen&NR=1