quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Elocubrações Esparsas: O amor é estranho

não é bem assim. o Amor eu entendo. sério. o Amor que é e ponto. o ser humano é que é estranho.  monogamia, poligamia, infidelidade, infidelidade consentida, casamento, viver junto, viver separado, casamento com presidiários, casamentos arranjados, sexo sem casamento... a variedade dos tipos de relacionamentos entre humanos, e entre humanos e coisas (vi na NetGeo, isso se chama objetofilia) é infinita, tanto quanto são únicos os humanos. a própria noção de gênero já extrapola descrições tradicionais e ultrapassadas.

já postei um diagnóstico no blog da psicótica sobre a questão do feminino e do masculino. mas ainda que utilize os termos homem e mulher, acho que a coisa tem muito pouco a ver com a concha externa, o avatar de carne. dito isso, replico aqui as elocubrações:

vi no Discovery Channel que o cérebro masculino tem mais neurônios, mas ele funciona matricialmente, tipo impressora, tem que completar primeiro uma tarefa, depois passar pra outra. nós temos menos neurônios, em compensação somos multitarefa, podemos organizar as tarefas de modo lógico, de acordo com o tempo necessário e a complexidade da execução.

homens e mulheres falam línguas diferentes, quer dizer, existem as mesmas palavras e expressões, mas o significado é diferente. na estorinha daquele famoso livro, homens de Marte e mulheres de Venus resolveram se encontrar no meio do caminho - a Terra e, percebendo as diferenças de sentido, escreveram um dicionário de desambiguação. só que este manual importantíssimo se perdeu, por isso vivemos a Babel que é a relação homem-mulher. 

fábulas à parte, faz sentido: quando nós mulheres temos um problema, geralmente choramos no ombro de uma amiga, da irmã, do amigo gay, da terapeuta, da cabeleireira... não necessariamente buscamos uma solução, ou porque não há nenhuma, ou a que existe não é factível, ou podemos viver com aquilo, um trabalho chato, por exemplo, só queremos compartilhar nossas dores, ouvir opiniões de nossas companheiras que passam por problemas semelhantes e ver validados nossos sentimentos a respeito do assunto. 

o problema é que a gente chega em casa e fala pro marido, nossa, que dia horrível no trabalho. o homem vê, MESMO, a situação de maneira diferente. o homem é movido pela solução de um problema. ele provavelmente vai dizer "troca de emprego se você não está satisfeita". aí você fica indignada porque só queria um abraço e como é que ele pode ser tão insensível assim, não é o trabalho, são meus sentimentos e ele não dá a mínima. você fala isso alto, talvez já com lágrimas nos olhos. e ele não entendeu nada. sério. ele achou que estava te ajudando com uma solução.

a mesma coisa acontece quando ele tem um problema. ele vai se concentrar só naquilo, até resolver. você, como boa venusiana, vai querer dar apoio, oferecer seu ombro pra ele chorar, dizer, fala comigo, como você se sente e ele provavelmente vai desconsiderar isso e entrar no momento caverna, ignorar você. e você vai ficar indignada, como ele pode ser tão insensível, eu estou aqui, dando carinho, dando meu apoio, e ele é tão frio, grosso comigo. e vai ficar ainda pior, porque quando ele sair da caverna com o problema resolvido, todo orgulhoso, vai te tratar como se nada tivesse acontecido, todo feliz e cheio de amor pra dar. e você vai achar um displante, um desrespeito, uma cara de pau, me trata assim agora vem querer me comer, agora eu é que não quero, e briga com ele. e ele não vai entender nada. sério.

acho que a questão é agir com sabedoria. entender as diferenças e aprender a lidar com elas. então, da próxima vez que ele entrar na caverna, ou se houver um importante jogo de futebol, tipo Chiqueirão EC x Meia Suja Futebol Clube (nota: os jogos de futebol são sempre importantíssimos), NÃO é hora de DR (= discutir relação). e da próxima vez que ela chegar reclamando do trabalho, dê um grande abraço nela, um beijo gostoso, pergunte se ela quer ajuda pra uma solução e, se ela não quiser, só diga que tudo vai ficar bem. ZERO DRAMA!



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